Setor privado e Embrapa discutem estratégia para consolidar Rede de Fomento à ILPF
Foto: Lourival Vilela
Representantes da iniciativa privada e da Embrapa discutiram na
semana passada como estabelecer uma estratégia conjunta para incentivar a
adoção de tecnologias de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF)
junto aos produtores rurais brasileiros. O encontro ocorreu no dia 14 de
novembro, na sede da Fundação Eliseu Alves, em Brasília, selando o
início dos trabalhos da Rede de Fomento à ILPF. A Rede foi criada em
abril deste ano, por meio de um acordo de cooperação celebrado entre a
Embrapa, a Cooperativa Agroindustrial Cocamar, as empresas John Deere do
Brasil e Syngenta Seeds e a Fundação Eliseu Alves.
“Essa Rede é
um laboratório importante para nós, para avaliarmos como buscar uma
interação mais efetiva com o setor privado, para que inovações geradas
pela pesquisa agropecuária cheguem mais rápido ao usuário final”,
afirmou Maurício Lopes, Presidente da Embrapa. Ele lembrou que para
promover a expansão vertical da agricultura, com foco na produtividade,
os sistemas integrados, como a ILPF, devem virar norma no futuro.
“Exatamente por isso é que priorizamos a criação de um portfólio para
dar mais densidade à programação de Pesquisa, Desenvolvimento e
Transferência de Tecnologia voltada para esse tema”.
“Nós só
estamos aqui porque acreditamos realmente que com esse sistema nós
começaremos a mudar o perfil do produtor de proteína animal brasileiro e
mundial. O pecuarista hoje é praticamente um produtor extrativista de
proteína dentro de sua fazenda. Não é à toa que costumo chamar a ILPF de
‘a terceira revolução dos trópicos’ ou mesmo de o grande programa de
transformação da agricultura brasileira”, defendeu Paulo Herrmann,
vice-presidente da John Deere na América Latina. A Rede, segundo ele,
tem que ser o farol deste programa e a Embrapa, a líder, dando
credibilidade e relevância às ações promovidas.
Leandro Conte,
diretor de Assuntos Corporativos da Syngenta do Brasil, ressaltou também
o entusiasmo com a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta. “Temos uma
experiência de sucesso com pecuaristas utilizando tecnologias de ILPF e
estamos animados e dispostos a colaborar e a aprender, porque
acreditamos na parceria público-privada representada nesta Rede”. Para o
presidente da Cocamar, Luiz Lourenço, a Integração
Lavoura-Pecuária-Floresta já mostrou ser uma alternativa promissora. “O
maior problema, no entanto, é o convencimento do pecuarista brasileiro.
Essa mudança de comportamento talvez seja o nosso maior desafio”,
sentenciou.
Governança – O Presidente da Embrapa chamou a atenção
do grupo presente à reunião para o desafio de buscar mecanismos de
governança da Rede de Fomento, para se chegar a uma agenda de interesse
comum. “A pesquisa pública tem obrigação de olhar adiante, antevendo
mudanças que deverão ocorrer daqui a cinco ou seis anos. Já o olhar do
setor privado é mais imediato, voltado para resultados práticos, de
curto prazo. Por isso, entendemos que nesta fase inicial a ênfase deve
estar na transferência de tecnologia. Mas ainda existem muitos desafios a
serem enfrentados no tema ILPF e precisaremos também da iniciativa
privada junto à pesquisa”.
Herrmann concordou, mas cobrou maior
atuação da Pesquisa junto aos produtores. “A pesquisa já mostrou a
potencialidade da ILPF, mas na vida real, temos que encontrar soluções
para a sua implementação nas fazendas. Queremos vocês também ajudando a
formar gestores de propriedades e operários multifuncionais, criando
sistemas de gestão financeira para cada componente da ILPF- a lavoura, a
pecuária e a floresta. É preciso ainda que atuemos na formulação de
novas políticas públicas e até mesmo na mudança da legislação
trabalhista, hoje totalmente direcionada para o trabalhador urbano, sem
levar em conta as peculiaridades do homem do campo”, desafiou.
A
governança da Rede de Fomento à ILPF será feita por meio de uma
Assembleia Geral de Cooperantes, formada por um representante de cada
instituição parceira; e de um Conselho Gestor, que será um órgão de
gestão tática e operativa, composto de três representantes da Embrapa e
três representantes das empresas cooperantes. Por unanimidade, Paulo
Herrmann foi eleito Presidente da Assembleia, que será composta ainda
por Luiz Lourenço, Leandro Conti e Lucio Brunale, chefe do Departamento
de Transferência de Tecnologia (DTT) da Embrapa.
Já o Conselho
Gestor será presidido por Luiz Carlos Balbino, chefe adjunto de TT da
Embrapa Cerrados, e terá ainda como secretário executivo Romeu
Stanguerlin (Chefe de Novos Negócios e Planejamento Integrado da
Syngenta). Compõem também o Conselho João Pontes (Diretor de Experiência
do Cliente da John Deere), Arquimedes Alexandrino (Superintendente da
Cocamar), Marcelo Castro Pereira (Analista da Secretaria de Negócios da
Embrapa) e Robinson Cipriano (Coordenador de Articulação e Programação
do DTT).
Também já foram definidos os critérios mínimos para
admissão de novos parceiros da Rede: além da contribuição semestral de
R$ 250 mil, a instituição terá que participar por pelo menos cinco anos e
se responsabilizar por manter pelo menos uma unidade demonstrativa em
área sugerida pelo Conselho Gestor. As contribuições referentes ao
primeiro semestre de 2013 serão depositadas na conta da Fundação Eliseu
Alves de hoje até o final de janeiro de 2013.
Ao final da
reunião, ficou definido que o grupo gestor irá se reunir ainda este ano
para articular e definir novos projetos que deem continuidade aos
trabalhos que já veem sendo feitos e preparar um plano de ação que será
entregue pela Rede ao Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
em março de 2013, como uma proposta para atender a meta de aumentar 4
milhões de hectares de iLPF no Brasil até 2020.
Texto: Robinson Cipriano
Contato: (61) 3448-1611 – robinson.silva@embrapa.br
Extraído de http://www.embrapa.br/embrapa/imprensa/noticias/2012/novembro/3a-semana/setor-privado-e-embrapa-discutem-estrategia-para-consolidar-rede-de-fomento-a-ilpf